Genebra (19 de Janeiro de 2013) — Os governos de mais de 130 países concluíram o texto de um convênio global juridicamente vinculante sobre o mercúrio, metal pesado bioacumulativo que está envenenando o suprimento mundial de peixes, ameaçando a saúde pública e o meio ambiente. Dentre outras medidas, o texto do tratado determina o fim da fabricação, importação e exportação de termómetros e dispositivos de pressão arterial (esfigmomanômetros) com mercúrio até 2020*.
Após extensas reuniões, na quinta e última rodada de reuniões do Comitê Intergovernamental de Negociação do Tratado sobre Mercúrio (INC5), uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), os negociadores concordaram com a eliminação de dispositivos médicos à base de mercúrio. Tais dispositivos já não são mais utilizados há muito tempo na Europa, na maior parte dos Estados Unidos e em diversos países em desenvolvimento. Contudo, ainda é possível encontrá-los em hospitais e farmácias de muitos países, o que significa que tanto profissionais da saúde, quanto pacientes, comunidades e o meio ambiente estão sujeitos a uma maior contaminação por mercúrio quando estes dispositivos quebram ou são descartados incorretamente.
“Em 2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou uma política pedindo a eliminação gradual de termômetros e esfigmomanômetros que contém mercúrio e a sua substituição por alternativas viáveis”, disse a Dra. Maria Neira, Diretora do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS. “Hoje nós estamos extremamente satisfeitos que os governos do mundo tenham entrado em acordo quanto à eliminação do mercúrio. Isso trará um grande benefício à saúde global”.
Essa transição para alternativas mais seguras já está sendo apoiada e implementada em dezenas de países que se uniram à iniciativa conjunta da OMS com a ONG internacional Saúde Sem Dano, estabelecida em 2008 com objetivo de fomentar e dar suporte à substituição do mercúrio no setor saúde em todo o mundo.
“Junto à OMS, estamos trabalhando com enfermeiras, médicos, hospitais, sistemas de saúde e ministérios de saúde de países de todos os continentes para demonstrar que ter um setor saúde livre de mercúrio é, não apenas possível, mas também economicamente viável”, explicou Josh Karliner, coordenador internacional do Saúde Sem Dano. “Sabemos que as alternativas sem mercúrio são amplamente disponíveis, precisas e acessíveis. Estamos entusiasmados que agora exista um tratado global para a eliminação até 2020* e estamos empenhados em seguir trabalhando para que o setor saúde consiga cumprir esse prazo”, completou.
O tratado deverá ser assinado durante uma conferência diplomática a se realizar em outubro no Japão. Em seguida, os governos deverão ratificá-lo para que entre em vigor.
* Uma prorrogação de até 10 anos foi prevista para os governos que não conseguirem alcançar a substituição completa no período estipulado, ainda que deva haver poucos países nessa situação até 2020.
Mais informações: www.saludsinmercurio.org